sábado, 17 de março de 2012

Começa o Relato da Jornada







"Aquele que tem por vício a leitura, droga alucinógena das mais leves, acabará cada vez mais dependente dela. E o pior, passará para drogas mais pesadas, como a escrita. Nesta fase crítica, o leitor, agora escritor, tende a fugir regularmente da realidade e ter devaneios de que, assim como Deus, é criador de universos inteiros." - Jefferson Luiz Maleski



Eu vi essa frase na internet e achei perfeita pra esse post. Sim, um jovem como muitos outros que existem por aí, comprador compulsivo de livros (às vezes compro e nem consigo ler, ou vou ler um ano depois), decidiu que era hora de tentar escrever alguma coisa. Não dá pra saber quando começou. As primeiras palavras vieram muito cedo. Enfim, com 15 ou 16 eu escrevia contos, poesias e tudo mais. A primeira história "grande", acho que saiu quando eu tinha uns 17 anos. 100 páginas! Chamava-se "Semente do Mal" e eu devo tê-la guardada aqui em alguma gaveta. Rs! Ficou horrorosa, mas eu aprendi bastante enquanto escrevia. Minha família tinha um único computador na época e ficava na sala, na sala de tevê mesmo. Daí, eu não consegui usar a máquina para escrever o meu texto, porque certamente meus familiares iriam começar a fazer perguntas demais que eu não iria querer responder. Sempre fui muito tímido, especialmente quando se tratava do que eu escrevia.


Por isso, escrevi esse primeiro texto à mão, num caderno pautado mesmo. A primeira lição que aprendi foi que escrita é um ato solitário. Pelo menos pra mim. Você tem que sentar no seu canto e escrever. E daí, vem a segunda lição: sente e escreva! Perde-se muito tempo ponderando se vale a pena, se não será uma tarefa impossível, se conseguirá chegar ao final e por aí vai. Percebi que essas questões só atrapalham. Outra revelação que essa primeira história me mostrou foi o seguinte: você não pode contar uma história decente se não sabe aonde ela vai dar. Por isso, planejamento é essencial.


"Semente do Mal" e mais uma história sem título que comecei  a escrever e não terminei, me mostraram que o escritor vai, inevitavelmente, se chocar contra um bloqueio se ele simplesmente deixar sua história seguir seu próprio rumo. Na melhor das hipóteses, vencendo esse bloqueio criativo, o resultado não será tudo que poderia ser. Por isso, é extremamente necessário um bom planejamento. O que serviu pra mim foi fazer uma espécie de 'espinha dorsal' da história, com tudo o que vai acontecer e a ordem cronológica dos fatos. Perco bons dias só no planejamento, semanas, dependendo da história. O bacana disso é que quando o planejamento está terminado, você já está tão íntimo do que criou que está louco para começar a escrever.
Quanto a esse planejamento, vou escrever mais posts sobre isso oportunamente.


Chegada a hora de escrever. Pra mim é o momento mais mágico, é quando realmente podemos nos desligar de nossa própria vida e bancar Deus, criar mundos, vidas e desfechos para elas. É um martírio prazeroso. É cansativo, desgastante, muitas vezes frustrante também, mas é vício e não dá pra largar ou simplesmente abandonar enquanto não se termina. Posso ficar meses sem escrever, por qualquer motivo que seja, mas as ideias eventualmente pipocam na cabeça, você pensa num desfecho que seria melhor do que o que tinha planejado ou uma fala de diálogo brota no meio de uma aula de Direito Financeiro (Rs! Direito Financeiro e Tributário: não há nada mais inspirador do que assistir a aulas dessas matérias! De tão chatas que são, tive mais ideias nessas aulas do que quando estou em casa querendo ter ideias).


Eu passei mais ou menos um ano escrevendo a minha. Dependendo da formatação, são entre 450 e 500 páginas. Tenho lido sites de editoras e percebi que isso pode ser um problema: os editores não dão muita atenção a histórias novas e não gostam muito de histórias muito grandes. Imagino que, com mais páginas, o livro vai ficar mais caro de produzir, consequentemente se transformando num maior investimento e num maior risco.


Bem, é nesse pé que estou. Ainda estou revisando o texto. Mais alguns dias e a revisão termina. Mudarei o início, porque, em lidas por sites editoriais, formei uma convicção de que esses cartolas não vão se dar ao trabalho de ler todo o seu original. Se as primeiras páginas não forem extremamente cativantes, você será descartado. 


Aprendi um bocado de coisa lendo sites de editoras e editores freelancers. Fica a dica. Em breve, postarei mais sobre minhas impressões, sobre como planejar uma boa história (o tipo de metodologia que funcionou para mim, pelo menos), sobre livros que tratam do assunto e tal. Até breve!


;)

2 comentários:

  1. Alexandre, seus blogs foram um grande achado! Confesso que voltei a degustar o sonho de ser escritora depois de ler esse post e me identifiquei totalmente com o que você relatou. De fato, a estrada é sinuosa. Sucesso! :D

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    1. Jess, valeu mesmo pelo comentário! Eu posso dizer o mesmo sobre o seu blog, foi um achado! Não podemos abandonar nossos sonhos, são eles que dão cor a essa vida corrida e mecânica! Escritores 'engavetados', uni-vos! rs!
      ;)

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